Mensagem da Direção Artística

Honrando o lema Clássicos Portugueses e Universais que adoptou desde 2002, o Cistermúsica comemora em 2013 o bicentenário Verdi/Wagner e reforça a sua aposta no património musical português, bem como na criação contemporânea, nas áreas da música e também da dança.

É com orgulho que apresentamos a estreia em Portugal de algumas jovens revelações de luxo. O Arcadia Quartet, quarteto de cordas romeno que venceu (entre vários outros prémios) o Concurso Internacional de Quartetos de Cordas do Wigmore Hall em Londres de 2012, vem interpretar Haydn, Bartók e o extraordinário quarteto op. 131 de Beethoven, que tanto impressionou Wagner. A pianista russa Yulianna Avdeeva, vencedora da mais recente edição do Concurso Chopin e com uma carreira em plena projeção internacional, traz-nos um programa de eleição com obras de Schubert, Prokofiev e Schumann.

Também em maré internacional, o ensemble vocal Fleder vem de Estocolmo estrear em Portugal um programa em torno da música do compositor chinês Xu Jianqiang. Vindo de Paris, mas de origem portuguesa, o alaudista Miguel Yisrael, fará o primeiro recital de alaúde da história do festival, com o reportório do Rei-Sol cujo CD lhe valeu um Diapason d’Or. Como cereja no bolo, o Leiden Baroque Ensemble que apresenta uma celebração do concerto grosso e da temperamentalidade barroca que a meio-soprano escocesa Nicola Wemyss complementa com a impressionante cantata (longamente atribuída a Handel) Il pianto di Maria, do italiano Giovanni Battista Ferrandini.

O regresso de alguns dos mais destacados protagonistas da redescoberta do património musical português condiz com os pergaminhos de Santa Maria de Alcobaça. As Vozes Alfonsinas percorrerão diferentes espaços do Mosteiro num programa medieval que inclui a mais antiga canção inesiana que se conhece e que alude de forma inesperada à efeméride Verdi/Wagner, através do mundo dos trovadores. O apogeu do Barroco musical português surge através da Missa em fá maior de Francisco António d’Almeida, empolgante descoberta que será interpretada pelos ensembles Flores de Música e Capela Joanina na Nave Central do Mosteiro, logo a abrir o festival. Teremos ainda o Grupo Vocal Olisipo para cantar o Requiem do príncipe dos polifonistas portugueses, Duarte Lobo, nessa jóia local do património cisterciense que é o Convento de Santa Maria de Cós.

Uma estreia absoluta é o ciclo de canções inesianas encomendado pelo Cistermúsica 2013 ao compositor António Chagas Rosa e confiado à jovem vencedora do Prémio de Interpretação do Estoril 2012, a soprano Cristiana Oliveira, acompanhada pelo pianista Jaime Mota. Prolongando histórias de amores impossíveis, Sofia Silva e Margarida Prates apresentam um aliciante programa de flauta e piano.

Em matéria de dança, sublinhem-se as três coreografias em estreia absoluta que nos oferecem os bailarinos Alia Kache (EUA) e Vítor Viegas. São também de salientar outras encomendas, nomeadamente a jovens compositores e coreógrafos: Carlos Filipe Cruz (um dos vencedores do recente prémio Novos Compositores promovido pela Orquestra Metropolitana de Lisboa) apresentará uma obra para coro e ensemble instrumental que servirá de suporte musical à coreografia em estreia de Luís Sousa e Rita Abreu, num programa que contará ainda com uma nova criação do prestigiado diretor do Quorum Ballet Daniel Cardoso.

No Cine-Teatro, o promissor compositor alcobacense Daniel Bernardes prestará uma dupla homenagem: à região de Alcobaça e a uma geração de músicos de grande qualidade num concerto liderado pelo tubista Sérgio Carolino (vencedor do prémio de música erudita SPA 2013) e outros músicos destacados do concelho.

O Bicentenário do nascimento de Verdi e de Wagner merece o devido destaque na programação paralela do CISTERMÚSICA JÚNIOR, com a centenária Banda de Alcobaça a ganhar fôlego sinfónico num concerto para pais e filhos que inclui ainda o imperdível Pedro e o Lobo de Prokofiev em versão coreografada, num grande espetáculo que pretende aliciar as novas gerações de um concelho com longa tradição filarmónica e melómana.

Coroando a programação, a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos interpretarão alguns dos mais célebres trechos corais-sinfónicos desses dois colossos do século XIX, num concerto de encerramento que será popular no melhor sentido da palavra.

Alexandre Delgado e Rui Morais
Direção Artística